Ora, a clínica é um espaço para a escuta do mal-estar, dos incômodos, das incertezas e
abalos que nos desalojam. É um dispositivo que cria condições para a indagação sobre
como o sujeito se produz frente ao mundo, onde se faz possível dar passagem ao
desconforto, aguçar sensações e sentidos, cuidar das dores, ativar potências.
Na clínica acompanhamos processos, percorremos experiências, vestígios, afetações,
sensibilidades, pensamentos, conexões. Produzimos cartografias vivas. Cartografias que
contam sobre os modos de viver, sonhos, medos, desejos capturados, repetições, criações.
Cartografias que podem ser revisitadas, recontadas, cicatrizadas e transformadas em
outros territórios existenciais.
ROLNIK, S. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto
Alegre: Sulina; Ed. UFRGS, 2006.